Integração foi a palavra-chave do painel da manhã do terceiro e último dia do 6° e-Fórum Atech. Desafios da integração como sigilo, segurança, segurança cibernética, burocracia, interoperabilidade, qualificação profissional, educacional e empreendedorismo e união de esforços entre defesa, governo e indústria, além da eficácia dos sistemas integrados, foram tratados no debate.
Os trabalhos foram conduzidos pelo presidente da Atech, Edson Mallaco, e contaram com as presenças do Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, secretário-Geral do Ministério da Defesa; General de Divisão Guido Amin Naves, comandante de Defesa Cibernética do Exército); General de Divisão Adalmir Domingos, coordenador Executivo de Conselhos e Departamentos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP); e Oswaldo Massambani, professor Titular da USP e Sócio Diretor da OM InovaTech.
A interoperabilidade foi apontada pelo Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos como fundamental. “A integração é fundamental desde os processos e sistemas administrativos até em sistemas de comando e controle, sistemas militares de defesa e entre a defesa aérea e suas unidades”.
Para o Almirante, com toda a complexidade do Ministério da Defesa, a interoperabilidade é um grande desafio e, ao mesmo tempo, ponto essencial para unir as forças armadas, integrar demais ministérios e viabilizar a proteção de toda essa rede. Segundo ele, a chegada do 5G e a consequente ampliação da conectividade trarão uma integração ainda não vista e destacou a importância de aplicar essas tecnologias em favor do país.
Por outro lado, o painelista alertou para uma maior vulnerabilidade trazida pela integração. “A proteção de nossos dados também é um grande desafio e precisamos impedir que outros explorem nossa troca de dados e trabalho conjunto”.
Na mesma linha, o General de Divisão Guido Amin Naves enumerou uma série de vantagens trazidas pela integração, mas reforçou o aumento da demanda pela proteção cibernética. “Queremos usufruir as benesses desse ambiente altamente tecnológico sem sofrer intempéries trazidas por ele”. Segundo o militar, a agilidade na promoção de soluções é fundamental nessa área. “A integração na segurança cibernética demanda agilidade para que sejamos efetivos. Com isso, processos de obtenção precisam ser menos burocráticos e demorados para, assim, não tornarem a solicitação obsoleta.”
Ao comentar que a palavra “colaboração” é a mais utilizada na literatura cibernética, o general destacou que a segurança é um desafio para toda a nação e seus múltiplos atores como participantes de vários conectivos. Inclusive, ressaltou a importância da inclusão dessa temática nas escolas, desde a educação básica até as universidades.
Para o General de Divisão Adalmir Domingos não há como falar em integração e em inovação e emprego de tecnologia sem tratar de sustentabilidade.
Ao lembrar que o Brasil é signatário de uma agenda da Organização das Nações Unidas (ONU), que elencou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o painelista afirmou que a competitividade passa pela adoção da economia circular, aquela embasada na redução, recuperação, reciclagem e reutilização de materiais e energia. “A indústria não vai superar os desafios se não tiver a universidade ao seu lado e o governo fomentando e facilitando o acesso dos empreendedores”, disse.
O Brasil ocupou, este ano, a 62ª colocação no índice global de inovação, em um ranking com 131 países. Segundo o professor Massambani, há boas perspectivas para a mudança desse quadro com a realização das reformas tributária e administrativa. “Certamente elas contribuirão de forma relevante para posicionar melhor o nosso país perante o mundo”.
Ao pontuar diversos obstáculos burocráticos e jurídicos para a realização de parcerias colaborativas, Massambani enfatizou que a lei 13.243, de 2016, marco regulatório de incentivo e inovação, promoveu a eliminação de várias dessas barreiras. “Sem insegurança jurídica, podemos aliar esforços integrados e nos comprometermos na execução de projetos colaborativos entre o setor público e o setor privado”, disse.